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Sunday, August 1, 2010

Vivaha Samskara



Trechos do livro de samskaras, rituais purificatórios para uma vida de sucesso – de Prema Rasa Dasa e Sandipani Muni dasa.

Tradução: Bn. Rosana Araújo



1- Introdução

Vivaha significa “manter, aumentar” (...). O Vivaha Samskara, pela sua influência purificatória, ajuda o sujeito a entender o objetivo do casamento, que pode permitir que marido e mulher vivam pacificamente e se purifiquem. Permite também a possibilidade de libertar seus filhos da ignorância e da falsa identificação da alma com o corpo. Os pais devem providenciar que uma atmosfera saudável envolva seus filhos.

Na tradição védica, casamento é um ato sagrado, um compromisso religioso e nunca um simples acordo. A união entre um homem e uma mulher não é meramente física, mas também uma união moral e espiritual. Marca o início de uma vida de responsabilidade. O relacionamento entre casal deve ser regido por sentimentos mútuos de confiança e devoção que também devem ser direcionados a Deus. Deve-se aceitar somente um marido e uma esposa.

Samanjantu visve devah samapo hridayani nau
Sammatarisva sandhata samudestri dadhatunau

“Que as forças divinas saibam que nós dois estamos nos casando com grande prazer em nossa alma e consciência, e que nosso coração está em harmonia, uno como as águas. Que o príncipe do amor, o deus dos relacionamentos, e o deus dos segredos (Matarisvan, Dhata e Destri) protejam nosso casamento.” (Rg Veda 10.8.47)

Os laços do casamento são normalmente indissolúveis. Portanto deve-se ajustar o seu caráter, preferências, ideais e interesses com aqueles do outro, ao invés de separarem-se assim que as diferenças aparecem. Casamento é um sacrifício, austeridade que nos ajuda a desenvolver paciência e tolerância. A sacralidade do casamento é simbolizada pela cerimônia de fogo e os mantras sagrados. Se houver algum aspecto desarmonioso no mapa astral do casal, isto é combatido pela execução correta do Vivaha-Samskara.

As escrituras enfatizam a confiança, o respeito e a gentileza que deve haver entre o casal. A sociedade fundada nos modelos védicos favorece a formação de lares estáveis, diferentemente disto que vemos em nossas sociedades modernas, onde não se provém muita apreciação à mulher dona-de-casa e não se valoriza os papéis tradicionais e prolongação familiar. O casal pode ter que ajustar suas expectativas. Muitos problemas no casamento surgem devido ao conflito e expectativas. Quando um lar Vaishnava é rompido, isto se deve geralmente à falta de maturidade onde tamo-guna e raja-guna derrotam sattva-guna; na verdade, quando o relacionamento está baseado somente na atração física, sem nenhuma consideração pela entidade viva. “Oh chefe dos Bharatas, quando há um aumento do modo da paixão, os sintomas de grande apego, atividades fruitivas, esforço intenso e desejos incontroláveis se desenvolvem.” (B.G. 14.12)

O Homem deve entender que a mulher muitas vezes espera que seu marido a proteja materialmente, moralmente e espiritualmente. Ela concordou em casar-se com ele sob estas circunstâncias, mesmo que estas não tenham sido verbalizadas.

Os sintomas da esposa védica
A cerimônia de casamento como descrita no grhya-sutras, dá oportunidade para o casal de mutuamente receber a certeza um do outro de um laço de amor e carinho firmemente unido para que possam encarar os desafios de uma nova vida juntos. Antes de ocupar o seu devido lugar de melhor metade (ardhangini) no lado esquerdo de seu marido, a noiva procura obter alguma garantia por parte dele, como:

- Ele deve protegê-la.
- Ele deve levá-la com ela para peregrinação.
- Ele deve tê-la consigo ao seu lado nas ocasiões de sacrifício.
- Ele deve manter as obrigações religiosas.
- Ele deve dividir os afazeres domésticos com ela.
- Ele deve confiar nela lidando com as despesas do lar.
- Ele não deve humilhá-la em público.
- Ele não deve se envolver em vícios, e deve manter os princípios regulativos.
- Ele deve considerar todas as outras mulheres como sua mãe e deve somente amar à sua esposa.
- Ele deve mantê-la feliz e satisfeita de acordo com sua capacidade.

A todas estas condições, o noivo também requerirá uma garantia: “Oh amada! Se você me prometer que nunca irás sozinha às casas e jardins alheios, que não ficarás sozinha na companhia de outro homem, se você prometer ser sempre doce, gentil e suave, mantiver seus votos sagrados de matrimônio, ser devotada a mim, aos mais velhos e ao Senhor, e cumprir suas obrigações domésticas, então eu te recebo como minha devida esposa.”

No ritual sapta-padi, a noiva aceitando as promessas do noivo, concorda em fazer seus votos.
A cerimônia de casamento deve ser a mais suntuosa e solene possível para que, aqueles que estão se casando, nunca mais a esqueçam. O dia em que uma menina se casa é o dia mais lindo de sua vida. Não deve ser simplesmente outro evento em sua vida. Deve ser um momento único na vida dela.

O casamento deve nos ajudar a controlar os impulsos sexuais. É difícil para a maioria das pessoas deixarem a vida sexual. De acordo com as escrituras, no entanto, isto normalmente obstrui nosso avanço espiritual. Por isso as escrituras convidam àqueles que não conseguem renunciar ao sexo à satisfazer seus desejos de uma maneira a gradualmente chegar ao caminho da liberação; em outras palavras, seguindo as regras encontradas nos shastras. Por ser parte dos ensinamentos dos shastras, a união de um homem e mulher no casamento não é adharma e nem deve ser visto como tal, quando se é feito de acordo com as regras. Casamento não é uma licença para sexo, mas ao contrário é destinado a controlá-lo para que aqueles que se casam possam se purificar e gradualmente atingir o serviço devocional puro ao Senhor.

2. Educação

Antigamente, quando a sociedade era desenvolvida com bases na cultura védica, as crianças aprendiam a realizar seus deveres futuros desde cedo. Quando chegava o dia do casamento, eles estavam perfeitamente prontos para assumir suas respectivas responsabilidades.

Os meninos iam ao Gurukula para aprender as escrituras, honestidade, autocontrole e outras qualidades que se provaram ser úteis numa sociedade. Jovens meninas eram treinadas basicamente por seus pais e avós para desenvolver qualidades femininas como segurança, castidade, afeição e devoção. Elas aprendiam as obrigações de uma futura dona-de-casa. Assim treinados, homem e mulher formavam casais homogêneos e estáveis que garantiriam uma sociedade pacífica. Eles então passariam suas experiências às futuras gerações. Esta era sua obrigação como mais velhos.

Nos anos 60, o mundo ocidental vivenciou o que foi conhecido como “a liberação sexual” que acompanhou o movimento hippie. Foi nesta época que o movimento Hare Krishna alcançou os países ocidentais. Seus primeiros membros vieram, em sua maioria, de uma geração “philistina”, cuja cultura era diametricamente oposta à cultura tradicional indiana. Em um curto espaço de tempo, Srila Prabhupada, o fundador do Movimento Hare Krishna, conseguiu treinar tais pessoas de acordo com a pura tradição Vaishnava. Ele queria torná-los cidadãos responsáveis que seriam um exemplo a ser seguido por toda a sociedade.
Treinar significava primeiramente viver numa comunidade. Porém outros tempos, outros métodos. Os membros do movimento não são mais de maioria hippie que eram atraídos pela vida em comunidade. No início, mais ou menos 95% de todos os iniciados viviam nos templo; agora, 95% deles são casados e vivem principalmente fora, sem terem recebido treinamento completo, ou ainda mantendo alguns hábitos irresponsáveis.

Treinamento continua a ser um problema nos dias de hoje. Os templos se tornaram um lugar de aprendizagem, um lugar de adoração (...), um lugar de cultura, porém não mais um lugar para morar. Como Srila Prabhupada acentua numa carta datada em 20 de Setembro de 1972: “Não há diferença entre os devotos que vivem dentro do templo ou fora dele. O mais importante é lembrar-se de Krishna.”